As pessoas que moram em regiões litorâneas, especialmente em condomínios à beira-mar, estão bem familiarizados com um um perigo invisível que destrói estruturas, causa corrosão, mofo, danos nos carros e móveis e toda sorte de dores de cabeça: a maresia. E por mais que se tenha cuidado, parece ser impossível não sofrer com os danos causados por essa névoa fina que causa tantos prejuízos.
De fato, as regiões litorâneas são consideradas um dos ambientes mais agressivos para construção civil e é preciso tomar todo o tipo de cuidado, desde a fase de construção até a manutenção periódicas das edificações ao longo dos anos. Nesse post vamos entender o que é a maresia e porque ela é tão nociva, e também os cuidados que devem ser tomados com as construções na áreas litorâneas.
O que é maresia e por que ela é tão perigosa?
As regiões litorâneas têm níveis de umidade maiores, devido a sua proximidade do mar. A própria condensação natural e o movimento das ondas na praia fazem entrar em suspensão no ar uma névoa de gotículas de água carregadas com diversos sais, chamada de maresia, que é carregada pelo vento e acaba se alojando nas mais diversas superfícies.
Alguns materiais são mais suscetíveis do que outros aos efeitos da maresia, mas de modo geral, as superfícies metálicas são as mais afetadas.
Entendendo melhor: Corrosão
A corrosão é um processo eletroquímico em que acontecem reações de oxidação do metal, e ocorre quando há exposição a um ambiente nocivo. Geralmente a corrosão ocorre quando o metal está exposto a um ambiente úmido na presença de oxigênio. No caso das regiões litorâneas, o ambiente é totalmente favorável para haver corrosão, pois há uma combinação de alta umidade e a presença de sais. Os danos da corrosão em determinadas superfícies podem ser irreversíveis.
Além da corrosão das superfícies metálicas, a maresia também pode causar danos em estruturas de concreto, paredes, telhados, e também em estruturas de madeira. De maneira geral, é preciso entender que a umidade carregada com sais favorece reações químicas perigosas para a grande maioria dos materiais, limitando a sua vida útil e exigindo cuidados ao longo do tempo.
Como se prevenir da maresia?
Antes de mais nada, é preciso entender que as reações químicas causadas pela maresia são processos naturais e, por isso, dificilmente será possível estar protegido de forma definitiva. Contudo, é possível tomar algumas medidas para retardar os efeitos da maresia e esses cuidados precisam acontecer de forma diária.
Para a administração do condomínio à beira mar, a prevenção é uma saída mais barata. O ideal é que as medidas sejam elaboradas e acompanhadas por profissionais, que estabeleçam um plano de manutenção visando proteger e aumentar a vida útil das estruturas. O que acontece na prática atualmente é a manutenção corretiva, e normalmente acaba saindo mais caro.
Fase de Construção
Os cuidados tomados durante a fase de construção são os mais eficazes. Isso significa a escolha de materiais mais adequados e que suportem melhor os efeitos da maresia e, também, seguir com atenção as normas técnicas para construção em ambientes litorâneos, principalmente em relação aos parâmetros de cobrimento do concreto, que é a proteção das armaduras de aço. Nas regiões com ambiente mais agressivo, o cobrimento deve ser maior para garantir que as armaduras não acabem ficando expostas.
Outro ponto para se ter atenção é que, invariavelmente, o concreto vai apresentar fissuras. Portanto, é preciso ter atenção para certificar que a estrutura esteja preparada para as movimentações naturais de terreno, devido a contração e dilatação. Essas fissuras são aberturas por onde a maresia pode entrar em contato com as armaduras. Além disso, uma boa prática é pensar em revestimentos externos que resistam bem à maresia e que tenham uma manutenção mais fácil, como, por exemplo, pintura eletrostática.
Fase de uso
No caso de condomínios à beira mar já construídos também é possível tomar medidas eficazes para prevenir a corrosão das superfícies devido ao ataque da maresia, e a primeira delas é pensar na substituição de superfícies externas de ferro por outros materiais mais resistentes à corrosão, como por exemplo madeira, PVC e alumínio.
A madeira, por ser matéria orgânica, precisa ser devidamente protegida e, quando são usados bons produtos, pode durar por décadas, assim como o alumínio. As estruturas de PVC são ainda mais resistentes, sendo necessária apenas uma limpeza superficial periódica.
Em relação a revestimentos externos, as melhores escolhas são as cerâmicas e as pedras que são menos suscetíveis à corrosão e tem um poder de oxidação bem menor. Porém, a argamassa utilizada para assentamento tende a ser mais afetada. Lembre-se sempre de optar por cerâmicas com acabamento fosco para áreas externas, para evitar acidentes. Em relação a tintas, escolha preferencialmente as emborrachadas e com base elastomérica.
Impermeabilização de cobertura
Por fim, o processo de impermeabilização de áreas críticas pode ajudar no combate aos efeitos da maresia em algumas superfícies específicas. O telhado é uma delas. No caso de cobertura tradicional, com telhas cerâmicas, além do cuidado de limpeza e manutenção de telhas quebradas, a impermeabilização das telhas evita o acúmulo e cristalização de sais que são nocivos à estrutura.
Porém, a escolha de cobertura pode ser uma laje, como por exemplo no caso dos terraços de cobertura. Nesse caso, a impermeabilização já seria indispensável mesmo que não fosse uma edificação a beira mar. Nesse tipo de ambiente agressivo a proteção da laje se torna ainda mais importante. A impermeabilização da laje garante que a estrutura estará protegida contra infiltrações e, consequentemente, do contato de sais com a armadura de aço. E vale lembrar que a grande maioria dos sistemas de impermeabilização tem um prazo de validade e, portanto, é preciso ficar atento para garantir que a laje estará devidamente protegida.
Fonte: FiberSals