A conta de luz deverá ficar até 12% mais barata para os consumidores da Light a partir do mês que vem. A projeção é de consultorias do setor elétrico, que atribuem a queda a vários fatores. Um deles é a diminuição do preço da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, no Paraná, que é cotada em dólar. Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, explica que, de 2015 para este ano, a redução foi de 32,28%, puxada também pelo recuo da moeda americana, de R$ 3,93, em média, no fim do ano passado, para R$ 3,30.
— A tarifa de repasse de Itaipu, em 2015, foi de US$ 38,07 por quilowatt (kW). Em 2016, é de US$ 25,78. Só que o reajuste de Itaipu entra na data do reajuste da distribuidora. Então, de janeiro a novembro, a Light veio cobrando essa diferença (na conta de luz), e agora terá que compensar isso para os consumidores — disse.
Segundo o especialista, somente a redução no preço da tarifa de Itaipu causaria um impacto de 18% a menos nas faturas da Light.
— Mas, considerando os outros fatores, como o IPCA, que foi alto, nossa estimativa é que a redução fique entre 10% e 12% — disse Vlavianos.
Evelina Neves e Guilherme Medeiros, consultora e analista da Thymus Energia, respectivamente, destacaram ainda que o orçamento bem menor destinado à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) — fundo pago pelos consumidores e que é usado para o governo subsidiar a tarifa social e fazer investimentos — também contribui para a possível queda na conta de luz.
— Considerando o efeito combinado dos componentes, temos a previsão de queda de 12% — disse Evelina.
A consultora ressaltou, porém, que a Light negocia com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a assinatura de um termo aditivo ao contrato de concessão, que permitiria cobrir o gasto de R$ 400 milhões que a concessionária teve com investimentos para a Olimpíada:
— Caso a Aneel reconheça esses investimentos da Olimpíada, esses 12% (de redução) cairiam para 7,7% — afirmou Evelina, acrescentando que também há um pedido da Light em relaçaõ a R$ 100 milhões oriundos de perdas não técnicas, devido aos furtos de energia (gatos).
— Com a crise, a gente imagina que esses furtos aumentaram. E a Light pediu o reconhecimento dessas perdas. Aí, nesse caso, a queda (na tarifa) cai para 7,4%.
Sobre a possibilidade de uma mudança da bandeira verde para amarela ou vermelha, Fábio Cuberos, gerente de Regulação da Safira Energia, avalia que é pouco provável:
— Por enquanto, não há estimativa de mudança cenário. Podemos até ter uma pressão, dependendo da chuva, do período de transição, mas nada comparado aos anos anteriores. Este ano, não está confortável, mas está melhor que nos últimos anos.
Em nota, a Light afirmou apenas que “reajustes podem ser positivos ou negativos”.
Fonte: Jornal Extra